terça-feira, 26 de novembro de 2013

O Espiritismo e os Extraterrestres


Apesar de pouco conhecida, a ligação do espiritismo com a ideia de possíveis seres extraterrestres é antiga. Allan Kardec, codificador da doutrina, já em 1868 se referia à existência de vida inteligente em outros mundos. Depois dele, muitos autores espíritas voltaram a falar do assunto. Mas, curiosamente, nada se fala a respeito das naves extraplanetárias usadas pelos alienígenas em suas viagens: os enigmáticos discos voadores.

Deserto inimaginável estende-se além das estrelas. Lá, em condições diferentes das do vosso planeta, novos mundos revelam-se e desdobram-se em formas de vida, que as vossas concepções não podem imaginar, nem vossos estudos comprovar”.
Aquele que vem de vosso sistema depara-se com a ação de outras leis regendo as manifestações de vida. Os novos caminhos que se apresentam em tão singulares regiões abrem-nos surpreendentes perspectivas.
Se nos transportarmos além de nossa nebulosa, vemos que nos cercam milhões de sóis e um número ainda maior de planetas habitados.
Esses períodos foram extraídos do capítulo 6 da  A  Gênese, obra codificada pelo francês Allan Kardec, fundador do espiritismo. Estas e outras passagens de sua obra evidenciam uma aceitação da existência de vários planetas e da possibilidade de serem habitados. No parágrafo 54 do capítulo A Vida Universal, ele escreve: “Que as obras de Deus sejam criadas para o pensamento e a inteligência; que os mundos sejam moradas se seres..., são questões que já não nos causam dúvidas”. Mas adiante, no parágrafo 56, lemos: “Se os astros que se harmonizam e seus vastos sistemas são habitados por inteligências, estas não se desconhecem. Pelo contrário, trazem marcado na fronte o mesmo destino e hão de se encontrar, temporariamente, segundo suas funções de vida, e isto poderá ocorrer de novo, segundo suas simpatias mútuas”.
Os espíritas aceitam a existência de vidas e inteligências extraterrenas. Não crêem que os inúmeros planetas existentes sejam matéria inerte e sem vida. Mas, isso não significa que pensem ser a vida nestes mundos igual à terrena. Já em 1868 A Gênese alertava o homem para que não visse, em torno de cada sol, sistemas planetários iguais ao seu e, também, para o fato de lá não existirem somente três reinos... “Assim como o rosto de nenhum homem é igual ao de outro”, dizia Kardec, “da mesma forma são diversas as civilizações espalhadas pelo espaço. Elas divergem segundo as condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que cabe a cada uma no cenário universal”.
Estas observações, feitas há mais de um século, estão de acordo com L. B. Taylor e seu livro For All Mankind, no capítulo Interplanetary Ambassadors, onde diz: "Não existem dois planetas iguais, e há grandes diferenças entre seus satélites. Cada um está num estágio, tem uma história e terá um futuro diferente. Considerando como um todo, o sistema solar é comparável a um laboratório rico em quantidade e variedade de espécies". E o humano é uma delas!
Ainda em A Gênese, ao falar dos seres humanos e dos extraterrestres, Kardec diz que no intervalo de suas existências corporais “os desencarnados formam a população espiritual da Terra”. Segundo ele, a morte e o nascimento fazem com que as duas populações – os encarnados (vivos) e os desencarnados (espíritos) – se completem constantemente. Contudo, quando a Terra ou outro mundo necessitam de renovação ocorrem épocas de grandes calamidades que provocam imigrações e emigrações. Ele observa, ainda, que esta troca populacional pode não se realizar num só planeta – como entre a Terra e o plano espiritual que lhe é próprio – mas entre este e um outro qualquer.


Os espíritos falam sobre os extraterrestres
Por várias vezes, artigos publicados na Revista Espírita descreveram extraterrestres e falaram sobre seus costumes, moradias, alimentação e meios de transporte e comunicação. Sobre os seres de Júpiter, por exemplo, podemos ler que “a conformação física é quase igual á nossa, mas menos densa e com um peso específico menor”. A densidade de seus corpos é tão pequena que pode ser comparada aos nossos fluidos imponderáveis, tendo o aspecto vaporoso, imaterial e luminoso, principalmente nos contornos do rosto e da cabeça. Este brilho magnético é semelhante àquele que os artistas simbolizaram na auréola dos santos. Como a matéria desses corpos é mais depurada, com a morte ela se dissipa sem passar pelo estado de decomposição pútrida. O “homem” de Júpiter é grande, maior que o terráqueo; seu desenvolvimento é rápido; e sua infância dura apenas alguns meses.
A duração de sua vida eqüivale a cinco de nossos séculos.
Quando à locomoção, é fácil e obtida pelo esforço de vontade, pois, como a densidade do corpo jupteriano é pouco maior do que a atmosférica, ele se liberta facilmente da atração planetária. Enquanto aqui andamos, eles deslizam pela superfície com a facilidade de um pássaro no ar.
Victorien Sardou, jovem literato contemporâneo de Allan Kardec, desenhou diversas cenas jupterianas. Desenhista sem habilidade foi, segundo diz, influenciado por um habitante de Júpiter que, séculos antes, havia morado na Terra, onde fora oleiro r chamara-se Bernard Palissy. Através de médium Sardou, Palissy não apenas fez um grande número de pinturas onde retratava habitações, personalidades e cenas do dia-a-dia, como menos também falou e explicou que, desde que um ser possua um corpo físico, por menos que um denso que seja, necessita não somente de alimentação e vestuário, mas, ainda, de moradia e organização social.
As descrições que Palissy fez de Júpiter são curiosas. Disse que a atmosfera desse planeta é diferente da terrestre. A água do planeta é mais etérea, parece-se mais ao vapor, e a matéria, como a conhecemos, quase não existe. Algumas plantas assemelham-se às nossas, e existem flores com uma textura tão delicada que as torna quase transparentes.
Ao falar sobre as habitações, Palissy disse que o material com o qual são construídas as casas do planeta funde-se sob a pressão dos dedos humanos, como se fosse neve, e que este é um dos materiais mais resistentes do lugar.
As vidraças são feitas por uma espécie de vidro líquido e colorido que endurece ao tomar contato com o ar. Palissy disse que “a imobilidade das moradias era um entrave, e por isso descobriu-se uma maneira de fazê-las leves e transportáveis a qualquer lugar do planeta".
Segundo ele, durante certas épocas do ano, o céu fica obscurecido por uma nuvem de “casas” que vêm do todos os pontos. "É um passar ininterrupto de moradias de várias formas, cores e tamanhos. Somente quando finda a temperada, o céu fica livre destes curiosas pássaros.
Os jupiterianos comunicam-se, normalmente, por telepatia, mas também se utiliza da linguagem articulada. A Segunda visão (clarividência), têm permanentemente. O estado rotineiro deles pode ser comparado ao de um “sonâmbulo lúcido”, e é por isso que podem comunicar-se conosco com uma facilidade maior que habitantes de mundos mais grossos e materiais".
Quando se perguntou a Kardec sobre as condições de luz e calor nos mundos extraterrenos, ele respondeu que a existência nesses lugares deve ser apropriada ao meio em que se vive. “Que impossibilidade haveria para a eletricidade ser mais abundante do que na Terra e desempenhar papéis cujos efeitos não compreendemos? Esses mundos podem conter em si mesmos as fontes de luz e calor de que necessitam”, disse ele.

 
Literatura espírita não menciona naves espaciais
Entretanto, não foi só Kardec que se manifestou a respeito do tema. Antes dele, Margeret, uma das irmãs Fox que deram origem ao espiritismo na América, havia mencionado o assunto. Posteriormente, numerosas mensagens surgiram em diversas partes do globo. No Brasil, o médium Chico Xavier psicografou mensagens enviadas pelo espírito do jornalista brasileiro Humberto de Campos e por Maria João de Deus. Ercílio Maes recebeu, do espírito Ramatis, A Vida no Planeta Marte. Nesta obra, Ramatis explica que o marciano não apresenta as mesmas características substanciais do terráqueo, pois, apesar de Ter a mesma forma, vibra num plano mais energético que material. Seu mundo situa-se num campo vibratório adequado a seu corpo físico, ou seja, é menos material que o nosso.
José Neufel diz que, “de acordo com a ciência, planos vibratórios podem sobrepor-se ou interpenetrar-se. Nosso aparelhamento sensorial é apto à percepção de fenômenos materiais situados entre as fronteiras do plano vibratório em que vivemos. Normalmente, não podemos transpô-las e penetrar em outro planos vibratórios e outros graus energéticos. Logo, o fato de não percebemos certas vibrações não significa que inexistam, mas apenas que estão aquém ou além dos limites de nosso mundo sensorial. Se formos a Marte ou a qualquer outro planeta, é provável que os consideremos inteiramente desértico ou sem vida. Não é impossível, todavia, que eles existam, num outro plano vibratório, mundos organizados e muito mais adiantados que o nosso, imperceptíveis aos nossos sentidos”.
Na literatura espírita, não encontramos qualquer menção às naves espaciais avistadas por pessoas d todos os lugares do mundo. Chico Xavier, no livro Nosso Lar, fala do “aerobus” mas, como a obra trata do mundo espiritual do nosso planeta, não a comentaremos num texto sobre ufologia. Também as vozes paranormais gravadas em fitas aludem a maios de transporte mas, segundo pesquisadores, elas não originárias de planos espirituais próximos à Terra, e por isso também fogem um pouco do tema deste artigo.
Assim, apesar de aceitar a existência de diversos planetas habitados, o espiritismo ainda não oferece explicações sobre locomoção dos extraterrestres por meio de naves espaciais, nem sobre alguns “seqüestros” registrados. As comunicações existente entre o homem e habitantes de outro planeta podem, segundo o espiritismo, ser feitas por intermédio de médiuns que recebem mensagens de espíritos que estão em comunicação com os extraterrestres.
Encerraremos este artigo citando os dois últimos parágrafo da obra de José Neufel, Buscando Vida nas Estrelas, onde ele sintetiza, muito bem, o pensamento dos espíritas: “O homem, na sua extrema vaidade e seu inescondível orgulho, considera-se o rei da criação, quando, na realidade, é um ser ainda no início da escala evolutiva universal”.
É esta convicção que o espiritismo procura transmitir, bem como o sentimento do que, ao melhorarmos nosso íntimo  retificarmos nossas falhas e imperfeições, aprimoramos nossos espíritos em múltiplas e sucessivas existências, subimos na escala evolutiva e conquistamos o direito de viver em mundos melhores, migrando por planetas, estrelas e galáxias, numa apoteose gloriosa e sublime da ascensão espiritual.

Fonte:Por Elsie Dubugras